Centro de Juventude de Braga com casa cheia para "Tratar o Cancro (da próstata) por Tu"
Esta quinta-feira, dia 9 de fevereiro, o Centro de Juventude de Braga (CJB) foi, novamente, palco de uma das sessões da iniciativa "Tratar o Cancro por Tu", desta vez subordinada ao cancro da próstata.
Um ano e seis dias após a primeira edição do evento “Tratar o cancro por tu” em Braga, o CJB voltou a receber especialistas da área do cancro. Esta quinta-feira, dia 9 de fevereiro, ficou marcada pela presença do conceituado patologista Manuel Sobrinho Simões, do especialista em Genética Molecular José Carlos Machado e do investigador José Manuel Lopes, ambos do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, e do investigador do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho, Estevão Lima.
Com a moderação dos jornalistas Tiago Alves e Miguel Soares, da Antena 1, os diferentes especialistas exploraram a importância do diagnóstico precoce e da colocação dos doentes no centro da discussão. A capacidade de comunicar foi, na verdade, um dos primeiros tópicos a ser abordado, tendo por mote um vídeo de apresentação, onde a população confessou desconhecer parcial ou totalmente a realidade do cancro da próstata.
Enquanto uns afirmaram que o cancro da próstata é pouco falado e que há informação insuficiente sobre o mesmo, outros acreditam que apenas há desinteresse na temática e que os conhecimentos existem, no entanto, os termos técnicos impedem que cheguem ao público em geral.
Posto isto, Manuel Sobrinho Simões sublinhou que “temos dois problemas em Portugal - comunicar e conversar!”, nomeadamente no que toca à literacia em saúde. No centro do obstáculo acredita que estão os profissionais - "as pessoas fazem perguntas inteligentes, nós é que somos maus a explicar". Questionado sobre como melhorar a comunicação em saúde, não deixou de salientar a importância dos meios de comunicação no processo. No entanto, crê que a aprendizagem parte, principalmente, de bons exemplos no seio familiar e social.
Ao longo da conversa, os especialistas sublinharam, ainda, que a evolução tecnológica permite, hoje, que alguns dos medos - nomeadamente as disfunções erétil e sexual - em torno do tratamento do cancro da próstata possam ser diluídos.
Estevão Lima aproveitou a oportunidade para alertar a população que “nem todos os cancros da próstata são tratados cirurgicamente, nem todos os cancros da próstata necessitam de um tratamento agressivo”. No caso de cancros indolentes, poderá ser recomendada apenas uma vigilância ativa. Neste contexto, Estevão Lima sublinhou a relevância dos rastreios oportunos.
José Manuel Lopes acrescentou que o cancro da próstata é um dos cancros mais comuns do sexo masculino, mas “o quarto cancro que mais mata homenos, excluindo os cancros que ocorrem na pele”. Afirmou, ainda, que o cancro da próstata é encontrado em ⅔ dos homens autopsiados. De qualquer das formas, estes “morreram com o seu cancro e não por causa do cancro”. Assim, considera que o mais importante é conseguir classificar o cancro e, desse modo, perceber se não é para fazer tratamentos, se se avança com procedimentos ativos ou com as diversas alternativas tratamentos.
No que toca aos rastreios oportunos - “aqueles que são feitos porque estão disponíveis e não porque não há qualquer indicação formal”, afirmou que vão sendo feitos, a partir dos 50 / 55 anos. Informou, também, que os cancros familiares devem ser vistos com mais importância e devem ser seguidos mais precocemente.
Além disso, destacou que o rastreio recebeu muitas críticas, “porque havia mais prejuízo em termos de grupo social”. A verdade é que este parou e “a incidência disparou”. A descoberta tardia conduziu ao encontro de cancros em fases mais agressivas. “A tendência atual é tentar ganhar conhecimento, evidências que nos mostrem qual é o ponto de corte mais adequado, para aconselhar uma sequência de procedimentos que conduza ao diagnóstico do cancro”, referiu.
De mãos dadas com a evolução tecnológica, a evolução científica permite, hoje, realizar análises moleculares, uma “forma transversal de deteção”, apontou José Carlos Machado. Espera-se que “os biomarcadores moleculares ajudem a estratificar os doentes no diagnóstico precoce”, “para uma maior efetividade”. Para além disso, referenciou a imunoterapia, considerada, atualmente, “muito eficaz num grupo de doentes de cancro da próstata”.
Apesar da magnitude da evolução tecnológica, Estevão Lima ressalvou que, “como em qualquer procedimento cirúrgico, o mais importante é o cirurgião, porque qualquer cirurgia subentende um caráter de competência”. Assim, a tecnologia veio “reduzir a margem de erro, mas o fator humano mantém-se associado”.
Com a aproximação do término do evento, o ator Jorge Serafim entrou em palco para, através de contos populares e pitadas de humor, humanizar a temática. Após valentes gargalhadas, o público teve a possibilidade de colocar questões aos oradores convidados. Depois do relato do seu trajeto, um dos membros do público foi, até, presenteado com uma boa novidade - ao que tudo indica, não terá cancro da próstata.
Para quem não conseguiu estar presente no momento, a sessão de Braga da iniciativa “Tratar o cancro por tu”, subordinada ao cancro da próstata, vai estar disponível em podcast na Antena 1 e na RTP PLAY.
CENTRO DE JUVENTUDE DE BRAGA
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